segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Eu vi

No carnaval de 20o5 eu estava no Rio, e foi o 30 carnaval que passei na  avenida Pr. Vargas, bem pertinho da Sapucaí, fazendo o que a gente, lá na base de Jocum-RJ, chama de Impacto de Carnaval. 




Eu vi luzes que tocavam as nuvens,
Que ora se moviam aleatoriamente, ora pareciam querer imitar a evolução de uma comissão de frente...

E gente...
Eu vi muita gente.
Gente de todos os tipos, e de línguas também.
Gente do Brasil e do mundo estavam lá pra ver o que estávamos vendo
Brilhos, cores - mas numa variedade tão rica que eu não conseguiria descrever aqui – nos carros, nos corpos, nos rostos...
Eu vi também muitos rostos. Rostos comuns, sem nada pra disfarçar sua humanidade, suas necessidades.
Eram rostos que falavam de espera...
Alguns esperavam com olhos arregalados como se estivessem prestes a encontrar algo totalmente incrível a qualquer momento – e que esse momento fosse eterno enquanto durasse...
Outros, já esperavam que a noite acabasse logo,
Que a festa acabasse logo,
Que a vida acabasse logo...
E ainda outros que, me parece, não esperavam nada,
Passavam como se houvesse nada de diferente ao seu redor.
Como se aquela fosse só mais uma noite em suas existências, a qual nunca lhes disse muita coisa.
Mais uma noite fingindo-se vivos pra si mesmos.

Mas eu também vi pessoas vivas,
E, assim como os outros, de todos os tipos, e até línguas.
Mas esses não foram ali em busca de vida, mas para oferecer A Vida
A tantos quantos quisessem recebê-la.
Estavam vivos porque A Vida já os tinha encontrado.
E seus rostos falavam desse encontro,
Assim como seus sorrisos, suas danças, suas canções,
Suas lagrimas de alegria por estarem vendo a espera de muitos terminar.
Vi desconhecidos se abraçando agora como irmãos,
Homens aliviados e alegres por, agora livres de culpa, terem uma nova chance,
Mulheres sorrindo por descobrirem agora que são profundamente amadas... Agora pareciam duas festas diferentes no mesmo lugar,
Duas alegrias:
Uma que precisava ainda “bombar” mais do que nunca, já que era a ultima noite,
E outra, uma alegria intensa e branda ao mesmo tempo,
Como a de uma mãe quando toma no colo o seu nenê pela primeira vez logo depois do parto.
Uma alegria que inspira descanso e vida,
Pois vinha da certeza de ser sempre eterna.

Eu vi uma luz muito mais forte do que aquelas que tocavam as nuvens...
Essa, dissipou densas trevas
E tocava o coração de Deus.

 
Jefferson Luz, fevereiro de 2005, Rio de Janeiro.

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